Isabella Marques de Moraes
Durante todos os anos de escola e ensino público, a maior lição que aprendi foi valorizar e investir nos meus professores. Tive a oportunidade de crescer e aprender com os melhores profissionais que a escola poderia oferecer. Ter convivido por um longo período com os docentes, com a infraestrutura da escola e com tudo que eu tinha ao meu dispor, fez com que eu impulsionasse a minha luta e a minha valorização diária por todos os educadores. Com todas as críticas ao ensino público, chega a ser um paradoxo querer ter uma educação sublime e não investir naqueles que podem proporcioná-la.
Um dos fatores, por exemplo, que me levaram até essa conclusão foram episódios recorrentes de professores saindo à luta, para que os seus salários não fossem reduzidos. Ou quando, às vezes, foram impedidos de apresentar alguma dinâmica diversa de proposta de estudo, por não ter recurso ou por falhas de equipamentos eletrônicos.
Os professores nos ofereciam projetos que se opunham ao horário da escola, então, os alunos sempre tinham a oportunidade de estar presentes. Xadrez, espanhol, leitura para crianças e outros cursos, sempre ministrados pelos próprios professores da escola. Que também, quando preciso, ficavam um pouco mais tarde, ou chegavam um pouco mais cedo para auxiliar os alunos em seminários, trabalhos e dúvidas.
Os professores constantemente nos incluíam nas questões administrativas ou não da escola. Sempre nos deixavam a par do que estava acontecendo no interno da instituição, nos motivando a participar do grêmio, de conselhos e reuniões que nos permitiam acompanhar a gestão da escola. Dentro das possibilidades, nos eram oferecidos passeios a museus, bienal do livro, e para as últimas turmas do Ensino Fundamental, quando possível, visitas técnicas a escolas que ministram o Ensino Médio.
Acredito que para o trabalho do professor se tornar mais conveniente, tanto para ele, como para o aluno, deve-se investir em recursos e ferramentas que os professores necessitam para darem aula. O aproveitamento do aluno, deve se dar não somente pelo conteúdo que está aprendendo, mas pela condição estrutural em que se encontra, dentro da escola. Carteiras e cadeiras quebradas, superaquecimento de telhas, ventiladores inativos entre outros problemas materiais que impedem o rendimento completo dos estudantes e dos profissionais.
A unidade escolar tem que ser um ambiente para todos. Que possa edificar e marcar – positivamente – a fase de ensino na vida da criança do adolescente.
Isabella Marques de Moraes
Estudante do Ensino Médio na ETEC Cepam e egressa da EMEF Tenente Alípio Andrada Serpa.
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2 Comentários
Olá, Isabella. Realmente, a escola pública precisa de muito mais recursos. Achamos que “gastamos” muito, mas ao comparar com outros países vemos que investimos muito pouco, infelizmente. Adorei o seu texto, parabéns!
Prezada Isabella,
Que delícia o seu texto! De forma tão sensível, toca em temas tão importantes para a sobrevivência da escola pública, que muitas vezes escapam daquilo que é discutido na mídia sobre as funções e as necessidades do ensino público.
E, além de tudo, é muito gratificante ver o carinho que você tem pelos seus professores e por tudo aquilo que eles proporcionaram para você em seu processo educativo no ensino fundamental.
Grande abraço e parabéns pelo seu texto!