Domingo, 09 de outubro de 2022

Renata Liberato da Silva
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Paro em um posto de combustível para abastecer antes de levar meu filho para fazer uma prova. Para minha surpresa, o frentista é um ex-aluno. 

– Oi, professora! Quanto tempo! Lembra de mim?

– Lembro! Como você está?

– Poxa, professora… Essa pandemia fez a gente perder a escola. Perdemos a escola…

Ele havia sido meu aluno no 1° ano do Ensino Médio. No ano seguinte veio a pandemia e já sabemos o que aconteceu nas escolas públicas.

– É… Realmente foi difícil…

Ele pergunta o quanto vou abastecer. Eu digo e pergunto se ele pode calibrar os pneus, pois não sei.

Levo o carro para o local, ele com toda boa vontade calibra os quatro pneus. Penso: “vou dar uma gorjeta. Custa nada agradar. Ele está sendo um fofo…”

Quando estico o braço, ele percebe minha intenção:

– Não, professora, pode parar com isso! 

– Que isso… Assim você me deixa sem jeito! Aceite!

– Professora, a senhora já me ensinou muito! Não precisa de mais nada. 

Silêncio.

Renata Liberato da Silva
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Professora da rede estadual do RJ há 10 anos.
Licenciada em Letras - Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa.
Pós-graduada em Língua Portuguesa e literatura brasileira.

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